Pesquisador descobre que ruínas no Amapá são de observatório astronômico parecido com outro na Inglaterra
(O Dia) Povos da Antiguidade constuíram, entre 2.800 e 1.100 a.C., um dos cartões portais mais famosos da Europa: Stonehenge, que fica a duas horas de Londres, Inglaterra. Acredita-se que pelo menos parte do monumento de pedra, hoje em ruínas, tenha sido erguido para observação astronômica. O que pouca gente sabe é que o Brasil pode ter o seu próprio Stonehenge, erguido há cerca de 2 mil anos no estado do Amapá.
O físico do Observatório Nacional Marcomede Rangel afirma ter confimado cientificamente, no fim do ano passado, a relação entre pedras monolíticas do Sítio Arqueológico de Calçoene, no norte do Amapá, com o fenômento do equinócio: dia em que o Sol caminha perfeitamente sobre a linha do Equador e tem a mesma duração que a noite. Ou seja, povos que habitavam a região poderiam ter observado os céus de forma semelhante aos que construíram Stonehenge.
O sítio arqueológico tem 30 pedras dispostas em círculo com cerca de 30m de diâmetro. Cada pedra chega a ter 4m de altura. Para comprovar a relação, Marcomede fez uso de um instrumento chamado teodolito, aparelhos de GPS, bússolas, trena e cartas magnéticas, mapeando o local com o auxílio de estudantes do curso de turismo do Centro de Educação Profissional do Amapá.
Em setembro, na época do equinócio, o físico e estudiosos da região já tinham observado que, no pôr do Sol, um raio solar penetra num orifício feito numa pedra, mais alta que um homem, e de 1,5m de largura. O círculo de luz solar que se forma, então, bate numa outra pedra, distante 15 metros, e inclinada. Acredita-se que a projeção servisse para marcar a data do equinócio, já que não havia calendários.
“Agora, nas medidas com o teodolito, ficou confirmado que nessas duas pedras passa a linha Leste-Oeste, que o Sol percorre nos equinócios”, diz o astrônomo. A descoberta foi observada com atenção pela comunidade científica porque já se sabia que as ruínas de Calçoene tinham relação com o solstício.
“Com os dados obtidos será confeccionado um mapa com o céu para encontrar outras relações com estrelas brilhantes e a Lua. Da mesma maneira como acontece com o Stonehenge, no Sul da Inglaterra”, conclui Marcomede.
O sítio arqueológico fica a 14km do centro da cidade de Calçoene, de 9 mil habitantes. Já se sabia da existência do lugar há 50 anos, mas ele ficou décadas sem ser pesquisado a fundo. Foi a partir de 2005 que o sítio arqueológico passou receber mais atenção do governo do Amapá. Na época, a área foi cercada e o sítio passou a ser estudado com detalhes por arqueólogos. Este mês, será lançado no Amapá um selo alusivo ao parque, no dia 20, data do próximo equinócio.
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