segunda-feira, 8 de março de 2010

Os céus ancestrais do Brasil

Pesquisador descobre que ruínas no Amapá são de observatório astronômico parecido com outro na Inglaterra

(O Dia) Povos da Antiguidade constuíram, entre 2.800 e 1.100 a.C., um dos cartões portais mais famosos da Europa: Stonehenge, que fica a duas horas de Londres, Inglaterra. Acredita-se que pelo menos parte do monumento de pedra, hoje em ruínas, tenha sido erguido para observação astronômica. O que pouca gente sabe é que o Brasil pode ter o seu próprio Stonehenge, erguido há cerca de 2 mil anos no estado do Amapá.

O físico do Observatório Nacional Marcomede Rangel afirma ter confimado cientificamente, no fim do ano passado, a relação entre pedras monolíticas do Sítio Arqueológico de Calçoene, no norte do Amapá, com o fenômento do equinócio: dia em que o Sol caminha perfeitamente sobre a linha do Equador e tem a mesma duração que a noite. Ou seja, povos que habitavam a região poderiam ter observado os céus de forma semelhante aos que construíram Stonehenge.

O sítio arqueológico tem 30 pedras dispostas em círculo com cerca de 30m de diâmetro. Cada pedra chega a ter 4m de altura. Para comprovar a relação, Marcomede fez uso de um instrumento chamado teodolito, aparelhos de GPS, bússolas, trena e cartas magnéticas, mapeando o local com o auxílio de estudantes do curso de turismo do Centro de Educação Profissional do Amapá.

Em setembro, na época do equinócio, o físico e estudiosos da região já tinham observado que, no pôr do Sol, um raio solar penetra num orifício feito numa pedra, mais alta que um homem, e de 1,5m de largura. O círculo de luz solar que se forma, então, bate numa outra pedra, distante 15 metros, e inclinada. Acredita-se que a projeção servisse para marcar a data do equinócio, já que não havia calendários.

“Agora, nas medidas com o teodolito, ficou confirmado que nessas duas pedras passa a linha Leste-Oeste, que o Sol percorre nos equinócios”, diz o astrônomo. A descoberta foi observada com atenção pela comunidade científica porque já se sabia que as ruínas de Calçoene tinham relação com o solstício.

“Com os dados obtidos será confeccionado um mapa com o céu para encontrar outras relações com estrelas brilhantes e a Lua. Da mesma maneira como acontece com o Stonehenge, no Sul da Inglaterra”, conclui Marcomede.

O sítio arqueológico fica a 14km do centro da cidade de Calçoene, de 9 mil habitantes. Já se sabia da existência do lugar há 50 anos, mas ele ficou décadas sem ser pesquisado a fundo. Foi a partir de 2005 que o sítio arqueológico passou receber mais atenção do governo do Amapá. Na época, a área foi cercada e o sítio passou a ser estudado com detalhes por arqueólogos. Este mês, será lançado no Amapá um selo alusivo ao parque, no dia 20, data do próximo equinócio.

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