quinta-feira, 31 de março de 2011

Carta de cosmonauta à mulher antes da primeira viagem espacial

Novo livro publica documentos secretos sobre a vida e obra de Gagarin


(Ciência Hoje - Portugal) “Peço-te que não morras de dor (...) ninguém está livre de amanhã ser atropelado por um automóvel. Eu acredito completamente na tecnologia. Ela não deve enganar”, escreveu Iúri Gagarin a 10 de Abril de 1961, dois dias antes de fazer a primeira viagem espacial.

Estas frases constam de uma carta enviada pelo primeiro cosmonauta que, juntamente com outros documentos secretos sobre a vida e obra de Gagarin, são publicados no livro “108 minutos que mudaram o mundo”, de Anton Pervuchin, que chegará às prateleiras das livrarias russas no início de Abril.

Na carta, dirigida à esposa e às duas filhas, Gagarin acrescenta: “Uma pessoa pode cair e torcer o pescoço. Aqui também tudo pode acontecer. Mas, por enquanto, não acredito nisso”.“Mas se algo acontecer, devemos saber tudo até ao fim. Eu vivi, até agora, honestamente, com verdade e sendo útil às pessoas, embora a minha vida tenha sido ainda curta. Quando era criança, li as palavras de Tchkalov: ‘A ser, tenho de ser o primeiro’. Tento ser assim até ao fim”, escreveu ainda.

Valentina Gagarina, esposa do homem que realizou a primeira viagem espacial na história, apenas recebeu esta missiva depois da morte do marido, a 27 de Março de 1968.

No livro de Perchuvin, que assinala o 50º aniversário da primeira viagem do homem ao Espaço, o autor relata que as autoridades soviéticas sempre afirmaram que a cápsula “Vostok” aterrou, com Gagarin a bordo, no local previsto, embora isso não corresponda à verdade.

O astronauta acabou por aterrar na região de Saratov, no sul da Rússia, longe do local calculado pelos engenheiros, e a esposa e a neta de um guarda-florestal local foram as primeiras a vê-lo a regressar do Espaço. “Sou dos nossos, dos nossos, sou soviético”, gritou ele ao notar o rosto de espanto delas quando viram um homem dentro de um escafandro.

Segundo Pervuchin, as autoridades comunistas tentavam fazer segredo de todas as informações sobre o seu programa espacial. Por exemplo, um censor proibiu os jornais soviéticos de escreverem que o foguetão tinha três níveis de locomoção.

Os nomes dos construtores das naves espaciais eram também um grande segredo. Por exemplo, após a viagem de Gagarin ao Espaço, o nome do principal engenheiro, Serguei Koroliov, continuou a ser desconhecido, o que o deixava profundamente ofendido.

O autor do livro considera que Koroliov olhava com maus olhos para o facto de a direcção comunista da URSS encarar as viagens espaciais com fins puramente políticos, pondo, por vezes, em risco a vida dos astronautas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário