sábado, 17 de setembro de 2011

Relíquias de Galileu

Museu em Florença, na Itália, apresenta a história da ciência por meio de instrumentos de diversas épocas e itens pessoais do famoso cientista italiano.



A esfera armilar do século 16, construída por Antonio Santucci, é um dos destaques do Museu Galileu, em Florença (Itália). Ela representa o universo de acordo com a física aristotélica, com a Terra no centro. (foto: Museu Galileo)


(Ciência Hoje) Na Itália, igrejas exibem relíquias como a cabeça de São João Batista, o cinto supostamente usado pela Virgem Maria e as correntes que amarravam São Pedro na prisão – cujos elos magicamente se uniram quando dois pedaços foram colocados lado a lado.

Nesse contexto, não parece assim tão estranho que as principais atrações do Museu Galileu, em Florença, sejam itens do mesmo quilate: três dedos e um dente do grande cientista, expostos orgulhosamente ao lado de instrumentos científicos como telescópios e astrolábios, alguns deles usados pelo próprio Galileu.

As relíquias, digamos, científicas, foram recolhidas do seu cadáver 95 anos após sua morte, durante a cerimônia de enterro em 1737 – um tratamento dado normalmente aos restos mortais de santos. Nessa época, Galileu já era considerado um mártir da ciência, merecendo um túmulo grandioso na Igreja de Santa Croce (a dez minutos de caminhada do museu), onde está até hoje.

O resto do acervo do museu é composto de peças mais ortodoxas, como astrolábios, globos terrestres, telescópios, modelos do corpo humano, instrumentos para demonstrações científicas, entre outras.

Algumas delas são belíssimas, como uma esfera armilar do século 16 construída por Antonio Santucci e que levou cinco anos para ficar pronta. Ela representa o universo de acordo com a física aristotélica, com a Terra no centro e inúmeras esferas concêntricas demarcando as órbitas dos corpos celestes ao redor do planeta – com direito a uma imagem de Deus no topo do universo.




Instrumentos de popularização
A narrativa da história da ciência é apresentada à medida que se visita o museu. Os objetos expostos fazem parte de duas coleções, amealhadas pelos Médici, os soberanos da região da Toscana, ao longo dos séculos 16 e 17, e pelos Lorraine, a família que os sucedeu, com objetos dos séculos 18 e 19.

Enquanto as primeiras salas mostram instrumentos para contar o tempo (essenciais para navegação), bússolas, astrolábios, globos terrestres e telescópios; ao avançar pelo museu, o visitante pode perceber a mudança de direção nas buscas científicas.

O espaço passa a ser ocupado, então, por microscópios, instrumentos de medida como termômetros, higrômetros e barômetros, modelos do corpo humano para o estudo da medicina e equipamentos para pesquisas na área da química.

Apesar de o próprio Galileu ter atuado como um grande divulgador da ciência, é no século 18 que surge uma demanda mais expressiva pela popularização científica. A partir de então, diversos instrumentos são construídos especificamente para demonstrar conceitos como eletricidade, ótica e mecânica para o público leigo, de preferência em apresentações espetaculares.


Plano inclinado do século 19. (foto: Museu Galileo)


Alguns desses objetos, como um plano inclinado com sininhos, visava demonstrar a lei da queda dos corpos com uma esfera. Seria interessante se o museu tivesse réplicas de alguns objetos desse tipo, para que os visitantes pudessem ‘brincar’ ou pelo menos assistir a demonstrações.

Mas ainda que a interatividade não seja o forte do museu, organizado mais como uma galeria de arte do que um centro de ciência nos moldes dos da Inglaterra ou Estados Unidos, sua página na internet é surpreendentemente bem suprida de materiais multimídia, todos em inglês.

Vídeos explicam o funcionamento de inúmeros objetos expostos. Há ainda um passeio virtual e até mesmo um catálogo completo com fotos e informações sobre cada um dos objetos do acervo. Sorte dos leitores brasileiros, que podem aproveitar bastante do museu sem sair da frente do computador.

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