terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Opportunity celebra 9 anos em Marte



(Astronomia On Line - Portugal) O Opportunity, o outro rover marciano da NASA, tem percorrido o Planeta Vermelho há tanto tempo, que é fácil esquecer que ainda está vivo. A cerca de 8000 quilómetros de distância dos holofotes que rodeiam cada movimento do Curiosity, o Opportunity embarca tranquilamente esta semana no seu nono ano de exploração - um agradável marco, uma vez que estava desenhado para trabalhar durante apenas três meses.

"O Opportunity ainda funciona. Vá-se lá perceber," afirma Ray Arvidson, vice-investigador principal da Universidade de Washington, em St. Louis, EUA. É verdade, não é tão atraente como o Curiosity, o rover interplanetário mais impressionante jamais desenhado, que deslumbrou o mundo durante a sua aterragem no equador marciano há cinco meses atrás.

Depois de tantos anos a viajar de cratera em cratera, o Opportunity já mostra a sua idade: tem uma articulação com artrite no seu braço robótico e move-se principalmente de marcha-a-atrás devido a uma teimosa roda dianteira - mais chatices do que problemas.

Nos últimos meses, tem estado estacionado num monte rico em argilas, ao longo da orla ocidental da Cratera Endeavour, um local diferente de qualquer outro já encontrado. O objectivo da equipa científica é concluir os seus estudos nesta zona durante os próximos meses e, em seguida, viajar para Sul onde o terreno parece ainda mais cativante para descobertas.

Muito antes do Curiosity se ter tornado no rover favorito de todos, o Opportunity tinha lugar de destaque. O rover com seis rodas, movido a energia solar, aterrou de para-quedas na Cratera Eagle no hemisfério Sul de Marte a 24 de Janeiro de 2004, semanas após o seu gémeo Spirit ter aterrado no lado oposto do planeta.

Durante os primeiros três meses, havia frequentemente actualizações acerca das movimentações dos gémeos. O mundo parecia seguir cada trilha, cada pedra tocada e ainda susteve respiração quando a saúde do Spirit desvaneceu, tendo eventualmente recuperado.

O Opportunity imediatamente fez jus ao seu nome, aterrando num antigo lago repleto de minerais que se formaram na presença de água, um ingrediente chave para a vida. Após moer rochas e peneirar poeira, o Opportunity fez um dos achados mais duradouros em Marte: sinais abundantes de um ambiente antigo, mais quente e mais húmido do que o ambiente desértico e frio de hoje.

O Spirit, por outro lado, aterrou num local menos interessante e teve que percorrer alguma distância para encontrar evidências geológicas de água. Após seis anos produtivos de viagem, o Spirit ficou silencioso em 2010, para sempre preso na areia marciana.

O Opportunity passou por quatro outras crateras, descobrindo ainda mais pistas de que a água existiu em Marte há muito tempo atrás. O rover "não é como um lander que olha sempre para a mesma área de terreno. Já fomos a diferentes tipos de solo, explorámos geologias diferentes e respondemos a diversas perguntas em Marte," afirma John Gallas, gestor do projector no JPL da NASA, que administra a missão de 984 milhões de dólares.

Ainda desconhecido é se Marte já teve as condições ambientais para suportar organismos microscópicos - algo que o Curiosity vai tentar responder durante a sua missão de dois anos. Além da água, é geralmente aceite que uma fonte de energia como o Sol e compostos à base de carbono são essenciais para a vida.

Ao contrário do mais vistoso Curiosity, armado com ferramentas topo de gama, o Opportunity não está equipado com um detector de carbono. O seu destino mais recente, que alcançou no ano passado após uma viagem épica de três anos, contém secções ricas em depósitos argilosos. As argilas formam-se normalmente na presença de água e podem ser um bom conservante de material de carbono. Infelizmente o Opportunity não poderá dar estas respostas aos cientistas.

Ao entrar no seu nono ano em Marte, o Opportunity continuará a estudar a composição química e a descobrir as idades de várias rochas interessantes no seu local actual durante os próximos meses, antes de acrescentar mais quilometragem aos 35 km que registou desde a aterragem. Quanto à caça do carbono, todos os olhos estão no Curiosity, que ainda este ano vai dirigir-se para a base de uma montanha onde se detectaram camadas rochosas contendo minerais de argila.

Callas, o gestor do projecto no JPL, afirma que o Curiosity tem um longo caminho a percorrer para alcançar o Opportunity, que tem quase uma década de avanço na superfície marciana. "Marte é grande o suficiente para ser explorado por mais de dois rovers," conclui.
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