quinta-feira, 16 de julho de 2009

Incertos sobre volta, astronautas da Apollo 11 deixaram "relíquias" na Terra

Cartão postal que será leiloado em NY foi assinado por astronautas antes do lançamento


(Folha) Com receio de que nunca voltassem da missão na Lua, os astronautas Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins, tripulantes da Apollo 11, deixaram para a família alguns itens que poderiam ser valiosos para colecionadores, garantindo algum dinheiro aos parentes. O temor de uma tragédia era compartilhada então pelo presidente Richard Nixon, que já tinha o rascunho de discurso pronto para o caso de os tripulantes não conseguirem voltar para casa.

Os três astronautas deixaram cartões postais assinados por eles, com um selo comemorativo da missão, postados no Kennedy Space Center, na Flórida, de onde a nave foi lançada. A postagem ocorreu no dia 16 de julho de 1969, horas antes do lançamento. A ideia é que, caso eles não tivessem sucesso na missão, os parentes pudessem vender e obter recursos financeiros.

"Já que não conseguimos um seguro de vida adequado, em razão do alto risco que envolve ser um astronauta, nós assinamos esses postais e os distribuímos para nossas famílias", conta Aldrin, na carta em que confirma a autenticidade do documento --esse e cerca de 50 itens relacionados à missão vão a leilão nesta quinta-feira (16), na casa de leilões Bonhams and Butterfields, em Nova York.

"Se algo infeliz impedisse nosso retorno em segurança, os postais teriam gerado ganhos financeiros limitados para sustentar nossas famílias", diz o astronauta. A expectativa da casa de leilões é que o postal seja vendido por algo entre US$ 4.000 e R$ 6.000.

Segundo o jornal britânico "The Guardian", a expectativa é que o leilão, que envolve objetos de outras missões espaciais, arrecade ao menos US$ 1,5 milhão. Entre os itens há cópias do plano de voo da Apollo 11, por exemplo.

Não foram apenas os astronautas que se prepararam para o pior. William Safire, escritor dos discursos de Nixon, já havia produzido uma declaração caso houvesse algum problema fatal na missão. "O destino determinou que os homens que foram explorar a Lua em paz ficarão na Lua para descansar em paz", afirmaria o presidente. "Esses bravos homens, Neil Armstrong e Edwin Aldrin [que efetivamente pisaram na Lua], sabem que não há esperança de resgate."

Apesar do possível fracasso, Nixon não daria indicações de abandono do objetivo de chegar à Lua.

"Outros homens vão prosseguir [nessa meta] e certamente encontrarão o caminho de casa. A busca humana não será interrompida. Mas esses homens foram os primeiros, e vão permanecer como os pioneiros em nossos corações", diz o texto.

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