sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Cometa Halley em 1910


(Estadão) Os cometas são membros do sistema solar que, ao se aproximarem do Sol, passam a apresentar uma cauda luminosa de aparência difusa e brilhante. Dentre estes corpos, o que mais está presente no consciente da humanidade é sem dúvida o Cometa Halley, descoberto pelo astrônomo inglês Edmond Halley. Observando um grande cometa em 1682 e comparando suas características com outras aparições notáveis nos anos de 1531 e 1607, esse cientista concluiu que os cometas podiam reaparecer de tempos em tempos e que as observações se referiam ao mesmo corpo celeste. Com base nisso, fez a previsão de que o cometa reapareceria em 1758, o que de fato aconteceu. Posteriormente, a análise de registros astronômicos antigos mostrou que ele já havia sido observado pela humanidade pelo menos 30 vezes ao longo da história, a cada 76 anos.

Em abril de 1910, a sensacional aparição do Cometa Halley provocou um misto de alvoroço e temor na população mundial, especialmente pela previsão de que a Terra atravessaria a sua cauda. A mídia aproveitou-se do advento da fotografia para explorar amplamente o fenômeno, que ficou na memória das famílias por muitos anos. Monteiro Lobato foi um dos muitos escritores que retrataram esse evento, ao registrar na memória das crianças brasileiras a beleza do cometa, em seu livro “Serões de Dona Benta”.

Nas décadas seguintes, os livros de geografia ajudaram a criar uma expectativa crescente, associando invariavelmente o cometa ao ano de 1986, quando de sua próxima aparição. No entanto, mesmo com os astrônomos prevendo com grande antecedência a sua posição extremamente desfavorável e muito distante da Terra, a ansiedade humana permaneceu ativa. Na data esperada a grande maioria das pessoas nada viu, e no final das contas seu retorno foi uma decepção completa, sendo a sua passagem uma das piores registradas na história. Milhões de lunetas amadoras compradas em todo o mundo por conta do acontecimento foram condenadas a tomar poeira por anos a fio, esquecidas em cima de guarda-roupas e armários.

Para aqueles com mais de 28 anos, que ainda se lembram da decepção de 1986 e não esperam viver até o seu próximo retorno, previsto para julho de 2061, há o consolo de uma nova oportunidade: Acompanhar e reconstituir ao longo de 2010, com a visão telescópica da história e os prodígios da Internet, a grande aparição do Cometa Halley, há um século, nas páginas do Estadão.

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