quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O Big Bang

(Tribuna do Norte) Dispensar os mitos e buscar entender o mundo físico através da observação de padrões repetitivos dos fenômenos naturais foi o que deu origem a filosofia e posteriormente a ciência moderna. E desde Aristarco no século III a. C., por exemplo, que a ideia de que a terra não era o centro do universo já circulava na Grécia antiga, ainda que o argumento contrário (de que a terra era imóvel e estava no centro do universo) defendido por Aristóteles e principalmente Ptolomeu, ambos gregos, fosse a vitoriosa.

Foi preciso esperar a chegada da Idade Moderna no século XVI, para através de um cônego (católico) polonês, Nicolau Copérnico, que através da observação constatou a certeza de que o sol era imóvel e o centro, e não a terra. Passamos do geocentrismo para o heliocentrismo.

Isso é história, obviamente, e muito de história da ciência. Um avanço sem paralelos. Mas a sensação que eu tenho ao escrever isso é como se nada disso tivesse a menor importância entre nós. A educação nunca fez morada entre nós e nem entre os nossos governantes. Os nossos interesses são outros.

Mas voltando a Copérnico e sua descoberta é muito interessante saber a história do seu livrinho lançado em 1543 intitulado “De Revolutionibus orbium coelestium” (Das revoluções das esferas celestes) que na verdade sacudiu “o cosmos com a ideia mais radical a aparecer na astronomia no curso de mil anos” como disse Simon Singh em seu monumental livro “Big Bang”.

Copérnico viu seu livro chegar ao mundo para logo em seguida morrer (de hemorragia cerebral), e foi incapaz de vetar um prefácio escrito (não há uma certeza com relação ao seu autor) provavelmente por um clérigo chamado Andreas Osiander, sem o consentimento de Copérnico, obviamente, pois já no leito de morte, e que enfraquecia o livro ao buscar afirmar que as hipóteses do cônego polonês “não precisam ser verdadeiras ou mesmo prováveis”.

A tentativa de Osiander pode ter tido a melhor das intenções, mas na verdade ao visar acalmar a ira dos teólogos da época cometeu um dos mais graves “pecados” contra a ciência nascente. Hoje sabemos desse fato porque o original escrito a mão foi preservado pelo próprio Nicolau.

O certo é que o cônego polonês, Nicolau Copérnico estava certo e hoje sabemos que a terra faz orbita em relação ao sol como os demais planetas. Mas Copérnico não acertou em tudo, cabendo a outro gigante, Johannes Kepler demonstrar através de apontamentos matemáticos que a terra não girava ao redor do sol através de “círculos perfeitos” e sim através de elipses, o que levou Isaac Newton a descoberta da gravidade mais a frente.

Apesar de tudo a censura da Igreja católica se fez presente (ainda que a vitória final tenha sido da verdade e não da mentira), um ponto positivo para a humanidade. Como disse o genial Galileu, que deu tintas finais ao heliocentrismo: “A Escritura Sagrada destina-se a ensinar aos homens como ir para o céu e não como funciona o céu”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário