segunda-feira, 17 de novembro de 2014

História da observação astronômica - Parte 7


(Dermeval Carneiro - O Povo) Os séculos XV e XVI foram, sem dúvida, uma fase de ouro para a observação astronômica e desenvolvimento da ciência moderna. Note-se mais uma coincidência: Galileu Galilei morreu em janeiro de 1642 e, no fim do mesmo ano, no dia 25 de dezembro, nasceu Isaac Newton (1642-1727), outro gigante da ciência. Considerado um dos maiores gênios da humanidade, Newton fez grandes contribuições para a observação astronômica. Inventou o telescópio refletor, fez várias descobertas de fenômenos ópticos, formulou a lei da gravitação universal, as leis da mecânica clássica e foi o responsável por importantes trabalhos nos campos da física e da matemática. Sua obra, Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, é considerada um dos livros científicos mais importantes já escritos. Combinando suas teorias com a lei da gravitação veio a confirmação das leis de Kepler. No terceiro volume do Principia, Newton aplicou suas leis ao movimento dos astros.

Nos séculos seguintes a observação astronômica continuou evoluindo. Surgiram telescópios bem maiores do que os de Galileu e Newton, novas técnicas foram desenvolvidas e, com isso, veio a descoberta de diferentes tipos de estrelas e as primeiras medições de distâncias estelares.

Ainda no século XVII, o astrônomo e matemático britânico Edmund Halley descobriu o movimento próprio das estrelas. Além de demonstrar que os cometas são corpos celestes com movimento periódico, previu, para o ano de 1758, o retorno do cometa que leva seu nome. Em 1667, o astrônomo italiano Geminiano Montanari registrou variações na luminosidade da estrela Algol (Beta da constelação do Perseu). Mais tarde, em 1890, o astrônomo alemão Hermann Carl Vogel, através da espectroscopia, confirmou que Algol é uma estrela binária eclipsante, daí a variação de luminosidade observada por Montanari.

O século XIX foi muito promissor para a evolução da observação astronômica. Em 1838, o astrônomo e matemático alemão Friedrich Wilhelm Bessel fez a primeira medição de distância estelar através da técnica da paralaxe. Nos anos de 1870, o astrônomo inglês William Herschel foi pioneiro na determinação da distribuição das estrelas no céu. Realizando medições em diferentes direções, Herschel observou que na direção que vai para o centro da Via Láctea, o número de estrelas aumentava de forma constante. Esse trabalho foi repetido pelo seu filho John Herschel nas observações de estrelas no hemisfério Sul, concluindo que havia um aumento semelhante de estrelas na mesma direção.

A espectroscopia trouxe grandes avanços na observação dos astros. Com ela, veio a determinação de elementos orbitais de estrelas binárias, medida de massas estelares, classificação espectral das estrelas e várias outras descobertas. Josep Fraunhofer e Angelo Secchi foram os primeiros a usar a espectroscopia estelar, eles fizeram comparações entre os espectros de Sirius e do Sol. Em 1865, Secchi deu início à classificação espectral das estrelas, técnica que modernamente foi modificada e desenvolvida pela astrônoma americana Annie Jump Cannon já nos anos de 1900.

Com o advento da espectroscopia, veio o desenvolvimento do fotômetro fotoelétrico, interferômetros e outras tecnologias. A fotografia astronômica tornou-se uma importante ferramenta na observação estelar. O astrônomo e físico alemão Karl Schwarzschild (um dos fundadores da astrofísica), descobriu que comparando-se a magnitude visual com fotográfica de uma estrela, se determinaria a cor e a temperatura dela. Em 1921, o físico americano Albert Abraham Michelson, usando um interferômetro no telescópio Hooker, fez a primeira mediação do diâmetro de uma estrela.

A evolução da observação astronômica teve a parceria do desenvolvimento, das novas tecnologias usadas nas construções de telescópios e outros equipamentos. A curiosidade e a necessidade de se descobrir o que são aqueles “pontinhos” no céu, levou os astrônomos, técnicos e cientistas a desenvolverem essas tecnologias.

Foi com a soma dos conhecimentos adquiridos ao longo dos séculos, que no último dia 12 de novembro os cientistas fizeram pousar uma pequena sonda em um minúsculo corpo do Sistema Solar – um cometa com apenas 4 quilômetros de tamanho. Um momento histórico! A maior façanha atingida, até hoje, das tecnologias usadas na observação astronômica e na astronáutica.

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