segunda-feira, 6 de outubro de 2014

História da observação astronômica - Parte 4

Com a chegada da Idade Média, o desenvolvimento da ciência estagnou no continente europeu

(Dermeval Carneiro - O Povo) São incontestáveis as contribuições dos gregos antigos na área da astronomia de modo geral. Porém, com a chegada da Idade Média (período ocorrido na Europa entre os séculos V e XV e que teve início com a queda do Império Romano), o desenvolvimento da ciência estagnou no continente europeu. Conceitos religiosos inibiram a produção intelectual e, como consequência, não houve avanços na ciência e na astronomia na Europa Ocidental. Muitos dos importantes trabalhos produzidos pelos gregos ficaram indisponíveis; isso provocou um declínio no desenvolvimento das áreas na região.

Os árabes e a astronomia na Idade Média
No mundo árabe, aconteceu o contrário do que ocorreu na Europa Ocidental durante a maior parte da Idade Média. Com a influência do Islã, o povo árabe desenvolveu a ciência e adquiriu cultura. Uma grande quantidade de trabalhos científicos produzidos pelos gregos antigos foram traduzidos para a língua árabe. Um destaque do desenvolvimento dos árabes no campo astronomia foi a construção de um grande observatório no Irã pelo astrônomo al-Khujandi, que fez várias observações do movimento aparente do Sol na esfera celeste.

Mas como conceitos religiosos, crenças e outras ações prejudicaram o desenvolvimento da ciência e o progresso do pensamento científico durante a Idade Média? A resposta dessa pergunta ficará ainda mais interessante se for explicada a evidência de que, depois dos 13 volumes do Almagesto de Ptolomeu (último astrônomo importante da Grécia antiga), quase nenhum outro trabalho científico de igual importância foi produzido ao longo dos mil anos de duração da Idade Média. Assim como nenhum outro modelo geométrico do Sistema Solar foi concebido nesse período sombrio por qual passou a observação astronômica.

Essa explicação pode ser dada pesquisando-se fatos históricos relevantes que elucidam a “dormência” do desenvolvimento da ciência no período medieval. Dentre os vários fatos históricos, há a invasão de Roma pelos Hunos em 455 d.C., que deu início à decadência romana e o surgimento do Império Bizantino, que durou até 1453 com a queda da capital Constantinopla, invadida pelos turcos. Durante esse período de Idade Média, não houve aumento do conhecimento científico porque havia fortes questões entre pagãos e cristãos. Nessa época, os museus (como o Alexandrino, por exemplo) e as escolas gregas eram considerados pagãos e, por conseguinte, os conhecimentos ali armazenados foram totalmente ignorados pelos cristãos ocidentais. Eles destruíram bibliotecas e queimaram livros contendo a cultura e conhecimento dos gregos antigos porque eram tidos como “heréticos”.

Durante todos esses séculos do período medieval na Europa, os árabes apoderaram-se dos conhecimentos gregos. A ciência árabe teve grande desenvolvimento e chegou à Espanha nos anos 1000 (século X).

Os maias
A civilização Maia surgiu antes de Cristo. Foi um povo extraordinário! Construíram várias cidades na América Central - México, Guatemala e outras regiões vizinhas. Os maias foram excelentes matemáticos, geômetras, arquitetos e astrônomos. Desenvolveram um sistema de numeração que incluía o “zero”, o que foi uma grande vantagem com relação ao sistema de numeração dos gregos, pois isso lhes permitiu as construções de pirâmides e acrópoles com sofisticada arquitetura e precisão.

No campo da Astronomia, realizaram importantes contribuições. Construíram observatórios astronômicos e realizaram observações sistemáticas dos movimentos do Sol, da Lua e sobretudo do planeta Vênus, para o qual os maias dedicavam especial atenção e ainda criaram calendários com extraordinária precisão.

Infelizmente, mais uma vez, conceitos religiosos prejudicaram o desenvolvimento da ciência. Quando os espanhóis chegaram à América Central, os padres impuseram sua fé aos maias e esses não queriam mudar suas crenças de uma hora para outra.

Queimaram os livros dos maias, uma cultura inteira sumiu na fumaça. Apenas quatro livros escritos em casca de árvores, chamados de “códices”, chegaram à Europa. O que chama mais atenção é o Códice de Dresden, nele fica-se sabendo que os maias não eram meramente incultos selvagens que primavam por edificações gigantes, mas sim, excelentes astrônomos e matemáticos avançados.

Os incas
O Império Inca é considerado por alguns como o maior império da América pré-colombiana. Os incas foram grandes astrônomos, construíram observatórios de pedras e concentravam suas observações astronômicas no Sol e nas estrelas. Com base nas observações dos movimentos do Sol e das estrelas, os incas definiam com precisão as épocas do plantio e da colheita, mediam o tempo, previam o clima, faziam previsões dos eclipses do Sol e da Lua e sabiam as datas exatas dos solstícios de inverno e verão.

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